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terça-feira, 2 de agosto de 2011

ANS inclui 69 procedimentos na cobertura de planos


Agência EstadoA Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) incluiu 69 procedimentos no rol de cobertura básica obrigatória dos planos de saúde. São exames, tratamentos, ampliação do número de consultas com nutricionista e terapeuta ocupacional e 41 tipos de cirurgia por vídeo, inclusive a cirurgia bariátrica (para a redução de estômago).



Nessa atualização do rol houve grande participação popular: 69% das mudanças foram feitar a partir de sugestões da sociedade. "Nós consolidamos todas as demandas, analisamos quanto à eficácia, efetividade e disponibilidade no território nacional", explicou a gerente geral de regulação assistencial da ANS, Martha Oliveira. 

Três procedimentos foram os mais sugeridos: oxigenoterapia hiperbárica para o pé diabético, exames para determinar marcadores genéticos (que revelam se determinado tratamento é eficaz para o paciente de câncer) e a angiotomografia, exame menos invasivo para o diagnóstico de obstrução coronariana.

Outro procedimento que teve mobilização da sociedade foi a cirurgia bariátrica por videolaparoscopia. A ANS recebeu um abaixo-assinado com duas mil assinaturas. "A partir de janeiro, os planos terão a obrigação legal de cobrir o melhor tratamento disponível. É menos invasivo, menos agressivo, o paciente fica menos tempo internado, tem menos dor e evita potenciais complicações no corte da cirurgia, que atinge 30% dos pacientes submetidos ao procedimento tradicional", disse o presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica, Ricardo Cohen.

Para o advogado Alan Skorkowski, especialista na área de saúde do escritório Marques e Bergstein Advogados, essa mobilização popular mostra o amadurecimento do consumidor. Mas ressalta que os beneficiários têm de fazer valer seus direitos. "Se a operadora não tiver o serviço na região em que o beneficiário reside, ela é obrigada a reembolsá-lo ou oferecer o serviço no município mais próximo".

A advogada Juliana Ferreira, do Instituto de Defesa do Consumidor (Idec), lembra que "procedimentos fundamentais para o restabelecimento da saúde do paciente" ficaram de fora da resolução da agência. "O SUS permanecerá com o encargo de atender toda a população brasileira que necessita desses transplantes e em todos os outros casos, geralmente de alta complexidade, e mais caros, que não são cobertos pelos planos de saúde, seja por não estarem no rol de coberturas obrigatórias, seja pela atuação de má-fé das operadoras", afirmou.

Martha Oliveira informou que os transplantes estão na "fila" para as próximas atualizações do rol. "O que limita não é a não inclusão no rol, mas a captação dos órgãos. Temos discutido com o Ministério da Saúde sobre como aumentar a captação. A partir da maior oferta vamos estudar como será a inclusão", informou.

A inclusão dos novos procedimentos preocupa as operadoras. "Mais uma vez, essa inclusão será feita sem nenhum pagamento ou retribuição financeira para os planos de saúde. Trata-se de um absurdo que pode custar a falência de algumas operadoras, principalmente aquelas de pequeno e médio porte", afirmou, em nota, a Associação Brasileira de Medicina de Grupo (Abramge). A entidade também se diz preocupada com a "falta de recursos técnicos e humanos, como médicos e equipamentos de alto custo, para realizar esses novos procedimentos fora dos grandes centros".

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