Consumidor que hoje compromete 7% da sua renda com o serviço passaria a usar 73% dela daqui a três décadas
Economia & Negócios 03 de dezembro de 2012
SÃO PAULO - Um levantamento realizado pelo Instituto
Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) apontou que, entre 2002 e
2012, a diferença entre a inflação (IPCA) acumulada e o reajuste dos
planos de saúde foi de 38,12%, o que indica que o preço deste tipo de
serviço vem aumentando bem acima da reposição inflacionária. Isso
significa que, dentro de 30 anos, caso as correções mantenham o mesmo
ritmo, o consumidor, que hoje compromete 7% da sua renda com planos de
saúde, passaria a usar 73% dela.
"Projetando a diferença dos índices para as próximas três décadas, as
mensalidades serão corrigidas em 163,49% acima do IPCA", afirma a
economista do Idec, Ione Amorim. Assim, o consumidor perderia a
capacidade de pagar pelo serviço.
O Idec realizou uma simulação que leva em conta um plano de saúde
individual, de custo em torno de R$ 210, contratado por um usuário de 30
anos, cuja renda mensal é de R$ 3 mil. O valor do plano, neste quadro,
compromete 7% desta renda. Levando em conta que sejam mantidas as regras
de reajuste dos preços e as condições de reposição salarial, quando
esse indivíduo fizer 60 anos ele terá mudado de faixa etária, o que
faria seu plano sofrer um aumento de 296,79%.
"Além desse acréscimo, se aplicado o reajuste de 163,49% acima da
inflação no período, seu plano passará dos R$ 210,07 para R$ 2.196,28, o
que representaria 73,21% de sua renda, e inviabilizaria o pagamento do
plano de saúde", diz Ione.
Em 2010, o Idec realizou o mesmo levantamento, e, em vez dos 73%,
chegou a 54,12%, o que aponta, segundo a instituição, que em dois anos a
correção dos preços dos planos cresceu 7 pontos percentuais.
A reportagem procurou a Associação Brasileira de Medicina de Grupo
(Abramge), entidade representativa dos convênios médicos, que até o
momento não se manifestou sobre o assunto.
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